Como foi conhecer países da ex-Cortina de Ferro

Sinceramente para mim esses países que visitei pareciam coisas longínquas e inalcançáveis. Claro que já sabia da Bulgária e sua fama dos mais competentes hackers; da Romênia e seu idioma parecido com o português (há a famosa frase que é exatamente igual no seu sentido: “com um quilo de carne de vaca não se morre de fome”. Claro que não se escreve assim, mas soa assim e significa a mesma coisa); maaaas, confesso que não sabia da Macedônia, que me parecia ter sido uma cidade da Grécia antiga.

Conhecer a história desses povos, tão invadidos, tão sempre em luta pelos seus territórios, foi um grande aprendizado. A Macedônia, por exemplo, tem seu território reivindicado pela Grécia e pela Bulgária. A Romênia perdeu um pedaço de sua Moldávia e a Hungria vive querendo a Transilvânia. Isso sem falar nas invasões mais antigas, como a do Império Otomano e mais recentemente da União Soviética.

varias-colagem

Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a discreta ambivalência de nossos guias sobre o período em que faziam parte da chamada “Cortina de Ferro”. Quase todos falam do “período comunista” como uma época horrível, onde não havia liberdade de expressão, onde as pessoas eram presas por discordar do regime. Mas, quando falavam das grandes obras como rodovias, industria, e das condições de educação e de emprego, deixam escapar que naquele período as coisas eram bem melhores. Apenas dois dos guias nos disseram, com muita reserva, que os “tempos do comunismo” eram bem melhores do que os atuais. Isso fica bem claro quando nos falam da migração de jovens para trabalhar e estudar no exterior. Foi interessante observar que uma delas nos contou como era horrível os camponeses terem que se organizar em coletivos e produzir para o Estado, e logo depois dizer que a produção de alimentos está caindo porque as pessoas não querem trabalhar em regime de cooperativa. Enfim, parece aqueles casamentos que se acabam, que se tem que reclamar e denegrir o cônjuge, mas que lá no fundo mora aquela saudadezinha dos momentos bons.

E como seria meu roteiro por ali, hoje? Passaria uns 3 dias em Skopje, na Macedônia; uns 4 a 5 dias em Sofia e uns 3 em Veliko Tarnovo, na Bulgária; uns 5 dias em Brasov e uns 3 em Sibiu, na Romênia. Mas, se você tiver que escolher apenas um desses países, escolha a Romênia, sem medo de errar.

A gastronomia dessa região não me agradou. Não que seja ruim ou intragável, mas é comum, pouco inspirada. Come-se muito porco, cordeiro e frango. E muita polenta (argh!) As carnes de vaca são caras. Muito pouca verdura, mas os tomates são deliciosos. Agora, os vinhos, hummmmm. Primeiro lugar disparado para os da Macedônia, com sua incrível uva Vranec, mas também são muito bons os romenos, com sua uva Freteasca Neagra. Foi impossível não tomar vinho todos os dias. Ah, quase esqueço de dizer que a Bulgária tem, de verdade, o melhor iogurte do mundo!

vinhos

E viajamos de novo com o fofo do André Salgado. O grupo de 20 pessoas, era um grupo muito especial. Pessoas incríveis, bem humoradas, animadas, bons companheiros de viagem. Tão bons que já estamos projetando irmos juntos à Islândia, com Andre, no próximo ano. Tomara!

grupo-collage

E por último, Bucareste

Por fim chegamos a capital. Que chamamos Bucareste, mas que vi escrito como Bucuresti e Bucharest, e que tem seu nome derivado da palavra “bucurie”, que significa “alegre”. Ficamos apenas um dia por lá, portanto creio que a minha impressão poderia mudar se tivesse ficado mais tempo. Porque na verdade Bucareste não me agradou. Apesar de ter sido chamada de a Pequena Paris – e a cidade tem realmente algumas coisas que lembra -, a megalomania de Ceausescu, o último ditador comunista, que teve na Coreia do Norte a inspiração para seu governo, construindo enormes edificações pesadas e exageradamente luxuosas, não torna a cidade acolhedora. Um exemplo é o Palácio do Parlamento, considerado o maior palácio do mundo e o segundo maior edifício, perdendo apenas para o Pentágono, com 350 mil m2.

img_4235

Apesar disso, a cidade é cheia de cultura. Visitamos um belíssimo teatro para música de câmera, o Atheneu Romano e ainda vimos o Teatro Nacional e o de Opera. Na praça próxima ao Atheneu estava havendo um festival de jazz e pelas ruas vimos músicos independentes e um lindo quarteto de cordas.

img_4227

E foi lá que vi o monumento mais feio que já vi na vida. Uma espécie de obelisco atravessando um casulo de bicho da seda. Pelo menos assim me pareceu. Segundo a nossa guia a coisa é uma homenagem aos mortos na luta pela libertação do regime comunista. O que me fez pensar que o mal gosto não tem ideologia.

img_4225

O centro histórico, por outro lado, tem uns becos interessantes. Em um deles há uma igreja ortodoxa, sobrevivente da loucura demolidora de Ceausescu, pequena e linda. E muitos, muitos restaurantes, bares e cafés.

img_4238

Enfim, como disse, foi rápido e a impressão é que não teria vontade de voltar. Mas vou dizer a vocês o que mais gostei nesta viagem. Aguardem.

Vicri, a joia escondida

De todos os países que visitamos a Romênia tem o mais lindo meio rural. Como nosso percurso foi rodoviário fomos passando por vilarejos lindos, pequenininhos, com pastores e suas ovelhas, carroças carregando feno, enfim, aquele cenário que temos na nossa mente quando pensamos em interior de antigamente na Europa.

Pois eu particularmente tive uma surpresa quando chegamos a Vicri. Sabia que íamos para lá, que era um vilarejo pequeno, mas nunca imaginei que pernoitaríamos em uma típica aldeia do interior da Romênia. Gente, o que aquilo?! Uma aldeiazinha minúscula, como que parada no tempo. E a gente ia dormir lá!!! A pousada em que ficamos já era uma lindeza. Uma casa antigona, mas com os confortos da vida moderna, como aquecimento, agua quente e… wifi!!!! A casa tem uma horta, de onde saem os produtos que se consome. Saladas fresquinhas!

OLYMPUS DIGITAL CAMERA
Nossa Pousada

Vicri tem duas coisas importantes: um linda igreja luterana fortificada e a casa do Príncipe Charles, da Inglaterra. Sério! O Principe Charles é apaixonado (sic) pela Romênia e escolheu Vicri para comprar uma casa e passar lá alguns dias do ano. Além do mais ele criou incentivos para que os camponeses passassem a produzir e comercializar seus produtos, estimulando a economia local. Assim, Vicri tem uma produção de produtos artesanais, dos quais o que encantou foram os feitos com lã, seja lã em fio, seja lã feltrada. Casacos em tricô, sapatos e chapéus em feltro, tudo muito rústico e bonito.

img_4252
Foto de Andre Salgado

 

img_4253
Foto de Irene

A igreja luterana foi construída originalmente no ano de 1100 e colocada em funcionamento pelos colonos saxões em 1185. Para prevenir de invasões dos povos bárbaros, foi construído ao redor dela duas muralhas, protegendo-a. A construção está praticamente intacta desde o século 12 e é muito linda com suas paredes largas, sacadas e torre de madeira, bancos estreitos e altar singelo. Como não tinham dinheiro para pagar artistas que a decorasse, os próprios habitantes fizeram as toscas pinturas nas paredes.

OLYMPUS DIGITAL CAMERA
OLYMPUS DIGITAL CAMERA

img_4206-collage

E foi em Vicri que fizemos a maior e melhor farra de toda a viagem. Na pousada havia só o nosso grupo e duas pobres irlandesas perdidas, que assistiam a nossa cantoria e bebedeira encantadas.

No dia seguinte, afastando a ressaca com o frio que fazia, seguimos rumo a Bucareste.

img_4216

 

 

Sibiu e a chuva que não nos larga

E chegamos a Sibiu com a chuva que nos acompanhava desde Shigosoara. Mesmo molhada, Sibiu é uma lindinha cidade. Ela foi durante anos a capital da Romênia e é uma cidade de médio porte.

Sua parte antiga, que foi o que visitamos, tem duas praças principais, a Praça Grande e a Praça Pequena, que se interligam e que entre uma e outra há a torre da Casa do Conselho. Obviamente, ambas estão repletas de restaurantes e cafés, bastante turístico. Há ainda uma outra praça, onde se encontra a mais antiga igreja protestante de toda a Europa, a Praça Huet.

OLYMPUS DIGITAL CAMERA
Praça pequena – Torre do Conselho

No final da Praça Pequena há a interessante Ponte da Mentira. Uma das versões para esse nome é que lá os rapazes costumavam fazer suas declarações de amor para as meninas, apenas com a finalidade de roubarem beijos das moçoilas. Outra versão diz que era ali que os comerciantes propalavam a qualidade de seus produtos. Em ambos os casos, deslavadas mentiras.

OLYMPUS DIGITAL CAMERA
Ponte da Mentira

Pois bem, se você quiser comer decentemente passe por baixo desta ponte, ande mais uns 3 quarteirões e você vai encontrar o Max, um restaurante bonitinho e onde se come muito bem.

Um passeio verdadeiramente imperdível é ao museu ao ar livre de Astra, que está a poucos quilômetros do centro de Sibiu. Trata-se de uma imensa área onde se replicou a vida nas aldeias. As casas, os instrumentos de trabalho,  os móveis e utensílios domésticos, tudo isso foi trazido de aldeias da região e recolocadas nesse museu, nos dando uma exata ideia de como era se viver ali em épocas passadas. Até uma igreja ortodoxa foi trazida e um lago artificial construído, onde há alguns moinhos de vento e muitos gansos fazendo um barulho enorme. O lugar é lindo, e olha que o percorremos debaixo de chuva.

img_4173-collage
img_4186-collage
Ficamos pensando como seria interessante ter um museu desse em cada região do nosso país.

A Transfagarasan

Depois de Sibiu seguimos para Viscri. Mas no meio do caminho paramos para conhecer um lugar absolutamente fantástico: Transfagarasan. É uma incrível rodovia em curvas fechadas, subindo pelas montanhas Fagara, construída por Ceucescu, o ditador comunista, para servir de defesa contra os russos. Lá em cima há um lago, hotel e restaurante.

Você pode seguir pela estrada, mas deve tomar um Dramin, porque as curvas são de lascar. Se não quiser ficar “mareado”, a pessoa pode fazer a subida de bondinho. São 10 minutos de pura emoção, em um bondinho semelhante ao que usamos em Brasov, ou seja, antigo e pequeno. Mas a vista super, super vale a pena. O bonde sobe devagarinho e a gente vai apreciando uma paisagem de enormes pinheiros e uma catarata tipo “véu de noiva”.


Chegamos no topo, descemos do bondinho e congelamos. A temperatura era de 3 graus positivos, mas a sensação térmica era de algo abaixo de zero. Daí você olha pra direita e vê um lago enevoado, anda mais um pouquinho (com o vento de menos zero nas suas costas) e vê lá embaixo todo o contorno da Transfagasan. É de fazer um “ohhhhhhh” de lindo. De cima conseguimos perceber que a estrada foi construída em uma espécie de encosta entre duas montanhas enormes. Então você vê de um lado e de outro uma floresta de pinheiros, e no meio aquela enorme “cobra” serpenteando até em cima.


Fiquei com muita vontade de ver aquilo lá coberto de neve. Aliás, na estação do bondinho existiam folhetos convidando para o réveillon no hotel. E a diária nem é absurdamente cara: cerca de 350 euros.

Ah, por essa região da Transilvânia existem várias estações de esqui importantes.

Biertan e o quarto da reconciliação 

No caminho para Sibiu, visitamos uma igreja evangélica do sec 15, no vilarejo de Biertan

É uma bela igreja no seu despojamento e rusticidade, mas achei interessante porque, apesar de evangélica, tem imagens de estátuas. No mais é extremamente despojada, com bancos rústicos e madeira trabalhada.


Mas, o legal mesmo dessa igrejinha foi o “quarto da reconciliação”, que fica em uma construção separada. É um quartinho de uns 5 m2 com cama pequena, mesa, um único talher, um único prato e pouca coisa mais, onde o casal que pretendia se separar ficava confinado por 2 semanas, para uma DR intensiva. Reza a lenda que em quase 300 anos, apenas 2 casais se separaram. Não se sabe o número de quantos assassinatos 😄.


Sighisoara e a influência teutônica 

No caminho para Sibiu pernoitamos em Sighisoara, que vem a ser a cidade onde nasceu o conde Vlad. Mas não creio que esse tenha sido o real motivo de pararmos aqui. Sighisoara é a cidade onde começamos a notar a forte influência alemã nessa parte da Transilvânia. Segundo nossa guia essa região toda foi habitada originalmente pelos Dácios e, em seguida, pelos cavaleiros teutônicos que aqui permaneceram por séculos. A influência dos teutônicos, pelo que observei, se dá na arquitetura – as casinhas me lembram muito Blumenau – e na religião, quando deixamos de encontrar igrejas ortodoxas e passamos a encontrar igrejas protestantes.


A cidade é pequena, mas tem uma cidadela medieval no seu centro, que é muito gracioso. Ladeiras, ruas estreitas, casinhas lindas que são cafés ou restaurantes, enfim, todas aquelas coisas que eu adoro. Único problema: começou a chover. 


À noite tivemos um jantar em um dos restaurantes ditos medievais decorado com imagens do conde Vlad, armas, mesas e cadeiras rústicas. E aí começou verdadeiramente a chover. Raios, trovões, ventania. Lá fora tudo deserto, o vento forte varrendo as folhas das calçadas e os relâmpagos riscando o céu. O cenário não podia ser mais propício. Para completar, nosso retorno a pé para o hotel exigia que passássemos por umas escadarias de pedras em uns becos escuros. Um cachorro negro começou a nos seguir. Olhe, não sei se foi encenado, mas se não estivéssemos em grupo tinha dado medo.

Chegando a Transilvânia: Brasov

E rumamos para a Transilvânia. Eu, cheia de fantasias de que era um lugar sombrio e cinzento. A Transilvânia é uma das quatro grandes regiões da Romênia  e tem esse nome porque “silva” significa selva, floresta; a região atravessa selvas. Além dessa região, a Romênia tem a Moldávia, Valáquia e Dobruja

É assim chegamos a Brasov, a principal cidade da Transilvânia. Brasov se escreve com cedilha no “s” e por isso se pronuncia “Brachov”. É uma cidade grande, com cerca de 200 mil habitantes, com um centro histórico lindo, animado, luminoso. Uma rua de pedestres cheia de gente, bares de calçada, becos lindos com restaurantes descolados (jantamos em um que nada tinha a dever dos do Brooklin) e com boa comida. Ou seja, nada de uma Transilvânia sombria, ao contrário, na praça havia um show de rock romeno pesado e uma feira de artesãos locais muito legal.

img_4118
Mas a fama turística mesmo de Brasov é que lá está o castelo de Drácula. Não, não de Drácula, claro, que é um personagem de ficção, mas do conde Vlad, conhecido como “o empalador”. E não, não é um castelo, mas uma fortaleza. Esse conde ficou conhecido por sua extrema violência, um cara malucamente sanguinário, que, certa vez, porque um indivíduo não o saudou tirando o chapéu, ele mandou fixar com pregos o chapéu na cabeça do cara. Outra lenda conta que ele achou que a roupa de um dos seus súditos estava suja e mandou cortar as mãos de sua mulher, por não limpar bem a roupa do marido. Enfim, foi esse tipo de cara que inspirou Bram Stoker a escrever o Drácula.


Fomos ver o bendito castelo, ou melhor fortaleza. Uma multidão de gente!!! Uma multidão de lojinhas de “bugenir” (bugingangas de suvenir)!!! Pra entrar, fila. Depois uma ladeira enorme até o castelo, mais fila porque a entrada é bastante estreita e só permite a entrada de uma em uma pessoa. Desistimos. Depois do túnel apertado no Vietnã, apertos não me atraem. Ficamos olhando as bugingangas e, confesso envergonhada que até compramos algumas. Claro que a maioria das coisas se relacionavam com Drácula ou com Vlad, mas tinha umas coisinhas bonitinhas. Depois, tomamos um café, arranjamos um banco e ficamos vendo as “modas”.

Brasov, como Hollywood, tem seu nome colocado em um dos montes que rodeiam a cidade, de modo que se pode ver de todo canto. Essa instalação é motivo de orgulho para uns é de vergonha para outros. Eu, particularmente achei bonito. Pois há um bondinho que nos leva até lá. É muito legal ver a cidade lá de cima e ter a compreensão da parte antiga e murada da cidade, de como a organização arquitetônica é diferente, com as casas juntas e as ruas mais irregulares.


Passamos dois dias em Brasov e foi a cidade mais legal até agora. Sigamos.

Entrando na Romênia: Sinaia

E aí entramos na Romênia e começamos, mais ou menos, a entender o que estava escrito. Como todo mundo sabe, o idioma daqui é do tronco latino e, ao ser falado, nos soa como uma mistura do italiano com francês.

Para começar aprendemos que a pronúncia do nome do país para os nativos é Romanía, mas algumas vezes observei escrito România, que parece ser a pronúncia mais comum dos estrangeiros. Particularmente prefiro a forma original.

A primeira cidade que conhecemos foi uma pequena e lindinha até no nome, Sinaia. Tem um centrinho pequeno, com alguns restaurantes simpáticos. 

Por falar em gastronomia devo dizer que não estou gostando muito da comida por aqui, e isso inclui a Macedonia e a Bulgária. Come-se basicamente porco, carneiro e frango, grelhado ou ensopado. O grelhado é meio seco e o ensopado é geralmente com legumes e algo gorduroso. As carnes, a maioria das vezes, vem acompanhada de polenta ou berinjela e abobrinha grelhadas. Até agora o mais gostoso que comemos foi um espaguete a carbonara.


Em Sinaia visitamos o Castelo de Peles. Claro que o meu primeiro pensamento era que se tratava de um castelo decorado com peles de todos os tipos. Lêdo engano. “Pele” é uma espécie de cinturão de couro, largo, com bolsos, lugares para colocar faca e outras armas ou utensílios, usado pelos homens, naturalmente. O castelo estava cheio disso? Também não. E por que tem esse nome? Não consegui que a guia nos explicasse.


O castelo é uma construção do final do século 19, muito bonito por fora, com um interior decorado quase que integralmente com madeira. Paredes, móveis, piso em vários tipos de madeira (inclusive nogueira brasileira), algumas colunas em marchetaria, uma escadaria em espiral que é só enfeite pois não leva a lugar nenhum e lareiras de porcelana também só pra enfeitar. Nas paredes quando não há madeira, há pinturas falsas, cópias de quadros famosos. Esse castelo foi construído pelo rei Carlos I, que apesar do luxo duvidoso, pouco o frequentava, porque morava mesmo era em Bucareste. Enfim, apesar de muito belo por fora, o Castelo de Peles parece muito ostentatório, como se fosse coisa de novo rico.

Mas o castelo já dispunha de algumas modernidades como água encanada, aquecimento central e elevador. Os banheiros são bem modernos, com banheira e bidê.


As fotos abaixo não são minhas; coloco aqui para exemplificar o estilo “pesado” da decoração.

O cirílico e a volta à infância 

É uma sensação terrível a gente olhar para uma palavra e não ter a menor idéia do que ela significa. Quando estivemos no sudeste asiático, com países de alfabetos incompreensíveis, também não entendíamos, mas era uma coisa tão diferente, porque eles são tão desenhadinho, cheios de floreios, que a gente nem tenta, e só acha bonitinho. Aqui foi o desafio do cirílico, esse alfabeto maluco que tem letras ao contrário, números que valem letras, letras de cabeça pra baixo, tudo isso misturado a letras normais. É de enlouquecer!

Meu primeiro impulso foi tentar fazer as correspondências com o nosso alfabeto, saber que som teria aquelas letras diferentes. E aí me senti como uma criança aprendendo a ler, decifrando letra por letra e ficando feliz quando conseguia entender a palavra.

Nisso aprendi que em cirílico meu nome se escreve Bepa. Porque o B tem som de V e o P de R. E qual o que tem som de B? Uma letra doida que parece um 6! O 3 invertido é Z. Achei um barato isso é fiquei fotografando tudo que me permitisse fazer a correspondência com algo inteligível. 

Aqui só consegui entender o Veliko Tarnovo

Dai que achei esse site, que explica melhor:http://www.infoescola.com/comunicacao/alfabeto-cirilico/