Então Jerez de la Frontera é uma cidade ótima para se ficar duas semanas como ficamos. Claro que no final já conhecíamos todos os cachorros da vizinhança, já sabíamos quem estava assistindo os espetáculos de flamenco e quem era nativo, já acenávamos para o gerente do Mesón perto de casa. Já éramos quase de casa. Porque a cidade tem esse clima. Mesmo fora do centro histórico as ruas são tranquilas, os edifícios são de no máximo 10 andares e o trânsito é sem lentidão.
Um lugar muito lindo de se visitar é o Alcazar. Cada vez que me vejo em uma edificação de arquitetura mourisca me embasbaco. São lugares tão delicados, com jardins lindos e recantos com fontes que transmitem muita paz. O Alcazar de Jerez é assim. Não é imenso, tem uma pequena mesquita (obviamente transformada em outra coisa pela igreja católica), um enorme jardim lindíssimo, uma horta.
E um incrível moinho de azeite preservado com sua tecnologia do século XVIII. A maneira como as azeitonas era esmagadas e depois prensadas e armazenadas é de uma engenhosidade impressionante. Há ainda as salas de banho árabes, com os espaços preservados mas sem nos permitir ter a ideia de como funcionava, a menos que se leia os painéis explicativos. Uma parte da muralha também está lá, com suas torres de observação. Lindo. Amo.
E há o jerez, a bebida destilada de uva palomino. Aqui existem varias bodegas, com possibilidade de visitação, degustação e compra. Com a vantagem de serem dentro da cidade. Infelizmente, apesar de ter tido muita vontade, não visitei nenhuma. O que aprendi sobre o jerez foi provando nos tabancos. O mais comum e menos alcoólico é o tipo fino. É de cor amarelo translúcido é de sabor meio travoso. O tipo amontillado é cor âmbar, teor alcoólico de 17,5 graus e sabor ligeiramente mais suave. O oloroso, como o nome indica tem um gostoso cheiro defumado, cor âmbar escuro e teor alcoólico de 18 graus. Há ainda o cream, ligeiramente doce e o Pedro Ximenes, bastante doce, para acompanhar sobremesas ou ele mesmo valendo como sobremesa. Dete e eu provamos todos. Nossa preferência ficou entre o amontillado e o oloroso, mas impossível não pedir um Pedro Ximenes ao final da comida.
Os que conhecem cavalos sabem a fama dos andaluzes. Pois em Jerez está a Real Academia de Artes Equestres, onde eles são treinados para aquele lindo cavalgar, quase um bailado. Às quintas-feiras há lá uma exibição para o público e foi outro lugar que fiquei me devendo, apesar da vontade de ter ido ver.
E hoje estamos indo embora. Plenas do som das guitarras, dos cânticos e das danças flamencas. Do maravilhoso vinho e das comidas, sobretudo frutos do mar. Jerez super vale a pena a visita.