Bangkok, onde gastar dinheiro

No último dia fomos torrar o resto de Baht (a moeda local) que tínhamos. E o melhor lugar pra isso é um super mercado/feira ao ar livre, chamado Chatuchak, que funciona apenas nos finais de semana e tem absolutamente de tudo. Para se ter uma idéia, ele tem cerca de 8.000 lojas e é organizado por área de comércios afins. É preciso um mapa para não se perder e encontrar o que se quer. O interessante é que não é um lugar só para turistas; os nativos vão comprar lá também.

MERCADO MAPA

Fomos de metrô, que aliás é super confortável e moderno, com a particularidade de cobrar por estações percorridas. Se você vai perto paga pouco, se vai mais longe, paga mais. Você recebe uma espécie de ficha que desbloqueia a sua entrada, mas precisa guarda-la porque deve deposita-la na saída da estação que você vai.

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Pensando que ia sofrer com o calor, que o lugar era tipo rua Uruguaiana, no Rio de Janeiro, e que ia querer sair correndo, me programei para não gostar. Lêdo engano. O lugar é imenso, mas bem organizado, as ruas são razoavelmente largas, bem sinalizadas e, pelo menos nesse dia e na hora que fomos, corria um ventinho bem agradável. Resultado é que torrei mesmo minha grana.

Recomendadíssimo! Mas chegue cedo.

 

 

Bangkok, a Veneza asiática

A cidade de Bangkok é cheia de canais. Segundo consta ela já teve mais de 200, mas com aterros, hoje sobraram pouco mais de 60. E um passeio muito interessante é tomar um barco e passear por eles, onde se tem uma visão da “Bangkok profunda”.

Contratamos um barco a motor, pequeno, que coubesse nosso grupo e saímos no final da tarde, coisa de 17 hs. O passeio começa pelo rio Chao Phraya e depois se embrenha pelos canais, as vezes passando por lugares bastante estreitos, outras vezes tendo que esperar o movimento das comportas. Os canais não são limpos e é possível ver o acúmulo de sujeira nas margens.

Mas ai se vê uma realidade perturbadora e, mais uma vez, o contraste das condições de vida. Encontramos muitas casas de madeira sobre palafitas, pobres, muito pobres. Mas observamos também casas de tijolo, arrumadinhas, bonitinhas. As pessoas nas portas ou nos gramados invariavelmente nos acenavam e sorriam.

Mas o que mais incomodou mesmo foi ver os mosteiros e templos budistas ao longo dos canais. Encontramos no nosso percurso de 40 minutos, pelo menos uns cinco. Todos muito dourados, muito ostensivos, muito destoante do que havia em volta. E nos perguntamos por que isso tudo. Será que Buda, que pregava uma vida despojada, estaria de acordo com aquele ouro todo?

Ao final do passeio, ficamos em um lugar chamado Asiatique, uma espécie de Puerto Madero, com restaurantes finos, lojas, bares, sorveterias. Jantamos ali e fizemos um “fish spa”, com peixinhos mordiscando nossos pés e pernas. Delicia!

 

E por último, Bangkok

Chegamos a Bangkok a noite e logo no traslado para o hotel a nossa guia local nos diz em espanhol (sim, todos os nossos guias locais falavam espanhol; pelo visto o fluxo de turistas português-falantes ainda não justifica guias falando nosso idioma) que tinha sido ótimo chegarmos à noite para não nos surpreendermos com o enorme contraste de Bangkok. E continuou: não devíamos tomar tuk tuk sozinhas porque os caras podiam desviar o caminho e nos levar para lugares perigosos, que tivéssemos muito cuidado com as bolsas e que deixássemos nossos passaportes no cofre do hotel, que cuidado com o que pedíamos nos restaurante porque a comida era MUITO picante… enfim, o povo ficou em pânico com o discurso da mulher. Eu, particularmente, achei que a empresa deveria demiti-la urgentemente, porque receber os turistas tocando o terror desse jeito, onde já se viu? De qualquer maneira, se a primeira impressão é a que fica, Bangkok já não nos pareceu tão interessante assim.

Nos dois dias seguintes entendemos o que ela quis dizer com contraste (mas não vimos nada da violência que ela anunciou). A cidade (ou pelo menos a parte por onde circulamos) é uma mescla de edifícios desorganizados, mal tratados, e prédios moderníssimos e luxuosos. E isso não é separado por bairros, como havíamos visto em Hanoi, com o rico bairro dos franceses. É tudo junto e misturado. Os edifícios desorganizados, bagunçados, com roupas penduradas na janelas, antenas parabólicas pendentes das varandas, se justificam porque os apartamentos tem o tamanho médio de 18 a 25 metros quadrados. Então, o seu “armário de roupas” é pendurado na janela, só pode.

Mas o contraste maior fica mesmo com os templos. Bangkok é também uma cidade budista e tem como seus maiores tesouros os riquíssimos templos.

No sufoco de um calor infernal saímos para visitar os 3 mais importantes. O primeiro foi o templo do Buda de Ouro. Uma construção simples em relação a outras, com um enorme Buda sentado, totalmente em ouro. Segundo consta quando ele foi encontrado era de cimento, mas quando foram remover, viram que por baixo do cimento ele era ouro puro.

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Mais do que o Buda, me chamou atenção a devoção do povo. As pessoas se ajoelham, rezam, trazem oferendas de colares de flores amarelas ou de trajes para os monges, e ficam lá reverentes, com as mãos postas na altura da testa.

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Essa que não está com as mãos postas na testa é uma turista

Um parêntesis: aprendemos no Laos que há três maneiras de se saudar no Budismo. Com as mãos postas na altura da testa, apenas Buda; com as mãos postas na altura da boca/queixo, pessoas que respeitamos, como avós, pais, pessoas mais velhas; com as mãos postas na altura do peito, saudação geral para todos. Tudo isso feito com um movimento de inclinar a cabeça para frente. Algumas vezes fomos saudadas com as mãos no queixo, acho que porque entramos na categoria de “pessoas mais velhas” 😀

Em seguida fomos conhecer o templo do Buda de Esmeralda (que, na verdade, é de jade). Não entendi porque, mas esse templo estava entupido de gente. E é uma verdadeira cidade (quase 1 km quadrado), com construções absurdamente ricas e belas, que vão desde capelas a bibliotecas, lugares para meditação e, como principal, capela do Buda de Esmeralda. Está situado ao lado do Palacio Real e, segundo consta, é lá que o Rei vai rezar.

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Essa multidão era apenas para entrar

O lugar é belíssimo. Infelizmente o calor insuportável e a quantidade inacreditável de pessoas não me ajudou a aprecia-lo como deveria. Eu, morrendo de calor, suando por todos os poros, procurando uma sombrazinha pra me escorar, e esbarrando em japonesas com seus vestidos diáfanos, chineses barulhentos tirando fotos em grupo, europeus branquelos de shorts e sandália birkenstock. E o brilho do ouro me rodeando. Foi difícil. Sabe aquela paz que você imagina encontrar em um templo budista? Não era ali.

O trauma foi tão grande que me recusei a ir ao terceiro templo, o do Buda reclinado. Era uma hora da tarde, o calor… bom, nem vou falar do calor. E fiquei eu e minha amiga Bernadete dentro do ônibus, com o ar condicionado ligado, esperando a turma voltar.

 

O estranho “comunismo” do Vietnam e Laos

Tanto o Vietnam quanto o Laos se dizem países comunistas. O Vietnam tem no seu nome oficial o Republica Socialista e o Laos, Republica Democrática Popular, no entanto, apesar de não se chamarem oficialmente comunistas, em todos dois os guias locais falam que o regime de seus países é comunista.

Desde nossa chegada a Saigon fiquei procurando o “comunismo” deles, e nem socialismo achei. Afora as bandeiras vermelhas com a foice e o martelo, presentes em praticamente todo canto, nenhum sinal externo de socialismo. Saigon e Hanoi são cidades onde as grandes corporações capitalistas estão presente. Do HSBC ao Kentucky Fried Chicken, tem de tudo.

Ao nos contar a história do Vietnam, nossa guia local nos falou da dominação francesa, da Indochina, da eterna briga com os chineses e, obviamente, da guerra com os Estados Unidos. E que mesmo terminada essa guerra, eles continuaram pelejando com o Cambodja até 1989. Assim, um Vietnam realmente livre é um país muito novo.

Mas os contrastes são imensos. Ao lado do nosso hotel moderníssimo, encontramos senhoras limpando peixe nas calçadas e os cozinhando ali mesmo. O incrível número de motos convive com vendedoras de verduras com os clássicos cestos pendurados nos ombros.

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A cultura milenar da plantação de arroz
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Produção de papel de arroz usado para os rolinhos primavera

É claro que eu tinha que perguntar à guia onde estava o socialismo do Vietnam. Ela sorriu e nos falou que eles eram, na verdade, um “capitalismo vermelho”, seja lá o que isso signifique. Que o país precisou abrir sua economia, como forma de impulsionar o desenvolvimento, combalido pelos anos de guerra. Bom, mas pelo menos as políticas sociais são públicas, não?, perguntei. Saúde, educação, transporte, moradia? Ela sorriu mais uma vez e explicou que existe um sistema de saúde pública muito precário, o mesmo se aplicando à educação. O que funciona de verdade e fortemente é o setor privado.

Essa guia havia vivido vários anos em Cuba e quando eu pedi para que ela comparasse o socialismo cubano com o vietnamita, ela não teve dúvida em dizer que o vietnamita era muitíssimo melhor. Tive vontade de dizer que era porque Cuba era socialista e o Vietnam, não. Mas me contive.

O mesmo ocorre no Laos, que seria, um tipo de comunismo capitalista budista. Apesar de ser um país menor que o Vietnam, as condições de funcionamento do Estado é exatamente o mesmo. Não há políticas sociais significativas e há a presença muito forte do capitalismo. Como há muita pobreza, fiquei pensando que um Bolsa Família melhoraria muito a vida daquele povo.

 

 

Cambodja: Seam Reap

Apesar de sua maior atração ser Angkor Wat, Seam Reap não é só isso. Na verdade é uma cidadezinha de pouco menos de 200 mil habitantes, mas muito vibrante e animada.

Vale a pena ir ao teatro das Apsaras, um lugar muito bonito, todo em madeira, que é lugar do show e também restaurante. É bem lugar de turista, mas… é o que somos!

Entramos vimos o palco na frente e diante dele mesas compridas com almofadas no chão ao redor. Pensei “ih, não vai dá pra ficar sentada no chão o tempo todo, tô frita”. Quando me sento percebo que há um buraco (bem, “buraco” é um termo muito vulgar para aquele lugar. Um “rebaixamento de piso” fica mais elegante), onde enfiamos as pernas. Ou seja, a mesa é colocada por cima de um piso rebaixado de modo a caber as pernas dos comensais. Mas mesmo assim não tem encosto e foi meio sacrificoso para uma “anciã” como eu e fiquei o tempo todo subindo e descendo as pernas. Ah, e quando baixava, os pés não alcançavam o chão. E olhe que não sou baixinha.

Mas o show foi muito interessante. Eu imaginava que aquele tipo de dança fosse tailandesa, mas como o país foi invadido pela Thailandia por muito tempo, creio que as culturas se mesclaram. Os movimentos são lentos e envolvem principalmente as mãos. E cada movimento dos dedos tem um significado. É como se a historia fosse contada pelo movimento das mãos e pés.

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Um ponto de destaque é a delicadeza como a comida é servida. Aliás, observamos isso em todos os lugares por onde andamos. Um simples arroz, vem servido em cestinhas de palha, uma salada de frutas é servida em folha de bananeira dobrada como uma taça. Além disso, a comida é deliciosa.

Seam Reamp tem uma vida noturna agitadíssima. Há uma espécie de feira ao ar livre, chamada Night Market, cheia de quinquilharia e roupas pra vender, mas no meio do fuzuê existem bares agitados, restaurantes simpáticos, lugares tocando jazz, rock e uma multidão de gente jovem colorida, com um cheirinho de mato queimado característico no ar. Se você é da “night”, não perca esse lugar. Vinte anos a menos e eu teria amanhecido o dia lá  🙂

Cambodja: Angkor Thom e Angkor Wat

Há alguns anos assisti um documentário sobre uma cidade perdida na selva do Cambodja, que havia tido a maior população mundial em sua época (século 9) e que depois o rei havia transferido a sede do reino para outro lugar e a cidade havia ficado perdida por anos. As imagens era de prédios de pedra, em uma arquitetura que lembrava templos, mas com a floresta tomando conta de tudo. Belíssimo, pensei, nunca vou poder ir nesse lugar.

Pois vim! Esse lugar se chama Angkor. Hoje não está mais tomado pela floresta, existem caminhos pavimentados para se chegar lá, muitos dos prédios estão em recuperação, e uma multidão de turistas toma conta do lugar. Mas ele continua belíssimo. 

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Entrada para Angkor Thom. Ponte sobre o enorme fosso.

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Angkor foi a capital do Cambodja por muito anos. Quando o rei a transferiu para Phnom Penh, ela passou a chama-se Siem Reap. E foi aí que nós estivemos.

Angkor tema dois “sobrenomes”: Angkor Thom para as ruínas da cidade como um todo, que é cercada por um imenso fosso e onde viviam os nobres, e Angkor Wat, um imenso palácio de pedra dentro de Angkor Thom, onde vivia o rei. A imagem clássica que vemos em qualquer propaganda da região, aquela com 3 torres, que é, inclusive o símbolo de Siem Reap é de Angkor Wat. Claro que o trabalhadores e camponeses viviam na periferia, fora dos muros de Angkor Thom, em casas de madeira, que foram destruídas pelo tempo, o que faz a gente não ter a menor ideia de como viviam. 

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A minha foto “clássica” de Angkor Wat

O calor era infernal. Nós estávamos sempre procurando uma sombra, um batente de porta, um raminho de árvore, fosse o que fosse para nos proteger do sol quentíssimo, nublado e abafado. Litros e litros de água ingeridos e nenhuma vontade de ir no banheiro, porque o suor pingava da minha cara. Depois vimos umas pessoas com toalhas molhadas no pescoço e achei que era pra melhorar um pouco a quentura. E enxugar o rosto, naturalmente.

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O conjunto é todo muito bonito, mas diferente de Pompeia, não nos dá uma ideia de como era a vida por ali. São muitos templos e/ou lugares dedicados a Buda. As paredes estão repletas de baixos e altos relevos, contando história ou mostrando as apsaras, as bailarinas. Aliás foram os únicos momentos em que vimos figuras femininas retratadas.

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Para mim o lugar mais bonito é onde as construções respeitaram as árvores originais ou as árvores se embrenhando nas construções de pedra. Muito lindo. 

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Segundo o guia esse foi o cenário onde foi filmado Tomb Rider, com Angelina Jolie, que, aliás, tem uma relação especial com o Cambodja porque um dos seus filhos é daqui. 

Afora isso, o Cambodja tem uma história extremamente triste de guerras (a guerra do Vietnam atingiu fortemente o país), e a guerra civil, o terrível genocídio, promovido pelo Kmer Vermelho. 

Luang Prabang, no Laos: a simpatia e gentileza

Laos, taí um lugar que eu nunca pensei de conhecer. Na verdade, apesar de saber que existia, não tinha muito ideia de onde estava. Pois vim cair no Laos, que na verdade chama-se Lao, sem o “s”. E aqui conhecemos uma cidade linda, patrimônio da humanidade, chamada Luang Prabang. 

Aqui, ao contrário do Vietnam onde mais de 80% da população é agnóstica, essa mesma proporção é budista. E é essa a beleza de Luang Prabang: seus belíssimos templos e capelas, com todos os tipos de Buda que se possa imaginar. A cidade é pequena, muito calorenta nessa época do ano, mas o povo é de uma gentileza, de uma simpatia, que nem de longe vimos no Vietnam. Nos saúdam sempre com as mãos postas diante do peito, com uma reverência de cabeça e um sorriso lindo no rosto. Mesmo os caras da imigração são simpáticos e sorridentes, vê se pode?

Visitamos o antigo Palácio Imperial, hoje transformado em museu. Logo na entrada uma capela (pra Buda, naturalmente) rica e linda. E ali conhecemos a flor nacional, que não aprendi o nome, mas lembra muito a nossa magnólia. Fomos apresentadas também ao antigo símbolo nacional, um elefante de 3 cabeças. Engraçado foi ver o nosso guia levantar o punho direito para dizer que aquele era o símbolo dos direitistas, e o esquerdo, pra dizer que o símbolo agora era a foice e o martelo.

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A coisa mais impressionante daqui é o Templo principal, o Wat Xieng Thong, que significa Templo da Cidade Dourada. Aprendemos que templo é chamado o lugar onde, além da ou das capelas, estão os locais onde dormem os monges, seus espaços de trabalho, os sinos e instrumentos musicais rituais. Esse que visitamos é deslumbrante. Logo na entrada está uma capela onde se encontra um barco luxuoso, que deveria levar o corpo do Rei para a incineração, mas ficou tão grande que não conseguiu sair de lá.

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Logo adiante há outra capela belíssima, impossível de se descrever de tão magnífica. É a capela principal do templo. Suas paredes são completamente decotadas, tanto interna, quanto externamente, com uma espécie de mosaico com vidro, desenhando cenas que, com certeza contam algum história. A entrada é impactante, com os desenho em dourado e o fundo preto ou vermelho escuro. Além dessa, existem outras menores, mas não menos belas.

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Estávamos terminando a visita quando vimos passar uns meninos monges. Eles iam tocar os instrumentos musicais, que estavam em uma espaço próprio para isso. E ficamos ali, ouvindo a melodia dos mongezinhos. Lindo!

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Para comprovar ainda mais sua característica budista, tomamos um barco e fomos conhecer uma gruta muito interessante. Numa viagem de 2 horas, voltamos a navegar no rio Mekong, que já havíamos conhecido no Vietnam. Esse rio nasce na China e se desembesta mundo afora, somente mudando de nome por onde passa. Tem uma extensão de mais de 4 mil quilômetros.

Viajamos em um barco típico da região, mas que tinha o conforto de pelo menos ter banheiro, porque 2 horas tomando água, não é fácil. O rio é barrento e em alguns lugares um pouco poluído com coisas plásticas, que imagino jogada pelos próprios turistas.

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E chegamos a tal gruta, que é uma espécie de lugar de oferendas budista, onde o que se oferece são imagens do Buda. Existem milhares, de todo tipo e tamanho, formando um conjunto muito bonito. A informação é que se vai ao lugar fazer pedidos e leva-se uma estatueta e depois, ao ter conseguido a graça, volta-se ao local com outra estatueta. 

É um lugar interessante como conhecimento da cultura local, mas tenho dúvidas se vale a penas as duas horas de viagem.

Baía de Halong

A baía de Halong é o lugar turístico mais visitado do Vietnam. Com certeza todos nós já vimos alguma foto de um mar cheio de enormes rochedos saindo da água. Fica numa região que está a 4 horas de ônibus desde Hanoi. Uma viagem, mas que super vale a pena porque o lugar é lindíssimo.
Nós, que se fomos pobres não nos lembramos, alugamos um barco somente pra nós, com 6 maravilhosas cabines e as refeições incluídas, porque pernoitamos no barco. Mas, como nem tudo é perfeito, o clima conspirou contra nós. Fazia frio, ventava muito e o céu esteve todo tempo carregado. Havia sido planejado uma parada em um praia para um banho de mar, mas quem se arriscaria? 

  
Mesmo sem sol e céu azul a baía é linda. E o nevoeiro e o céu carregado deram um ar muito interessante ao passeio, tipo Agatha Christie. Felizmente não havia mordomo à bordo.

  
  
Navegamos até determinado ponto, eu deitada na minha cama, vendo as ilhas-rochedo passarem através do janelão da cabine. Oh, delicia!! E fomos conhecer uma das inúmeras cavernas que existe, por ali. Passamos de nosso barco para um bote pequeno, à remo, e rumamos para a tal caverna, que é um “bocão” enorme, como um túnel, que vai dar num lago interno deslumbrante. 

  
  
Claro que ao nosso lado haviam muitos outros botes, mas me chamou atenção o fato de que quase a totalidade deles serem conduzidos por mulheres remadoras. De pé, na proa do barco, elas vão dando braçadas fortes. E elas são magrinhas e pequenininhas! Uma delas remava com o filho pequeno sentado bem comportadinho ao lado dela. Que mulheres bravas, viu?

  

As marionetes de água de Hanoi

Um espetáculo único em Hanoi é o dos marionetes da água. Quando a guia nos falou
eu não conseguia imaginar como seria isso, porque pra mim marionete são aqueles bonecos que se controla com fios nas mãos. Seriam bonecos submersos? Seriam bonecos recheados com água?
Quando entramos no teatro vemos um cenário de uma fachada de uma casa vietnamita, com portas de bambus fininhos, e diante dela um enorme lago. Lago de verdade, com água mesmo. Quando o espetáculo começa é que fui entendendo: os bonecos atuam nesse lago e são controlados por pessoas que estão por trás das portas da casa, através de enormes varas horizontais, na ponta das quais estão os bonecos. 
  
  
  
Nas laterais do palco dois conjuntos de músicos e cantoras vão entoando canções que, imagino eu, tenham a ver com a cena que se desenrola com os bonecos. É muito interessante, imperdível mesmo. 

Hanoi, capital do Vietnam

Hanoi foi sempre capital. Quando era Indochina, quando era Vietnam do Norte e depois da reunificação. No entanto tem a segunda população, sendo Saigon a primeira. Talvez por essas coisas todas, Hanoi tenha me parecido mais tranquila, ou melhor dizendo, menos agitada. Aqui também a quantidade de motos é imensa, naquela proporção maluca de quase uma moto para cada habitante.
Um dos nossos passeio foi visitar o mausoléu de Ho Chi Minh. Filas tão imensas que não nos atrevemos, mas há parques ao redor, o palácio da época dos franceses e as casas onde viveu Ho. Ele não quis morar no palácio e resolveu viver na casa de um eletricista, que – oh coincidência! – é do lado do palácio. Depois mudou-se para uma casa de arquitetura vietnamita, também nos jardins do palácio, para a qual ele não quis nenhum luxo, apenas que tivesse um quarto para si, e outro para seu general. Como ele nunca se casou… Sei não…

  
Brincadeiras à parte, o Ho é simplesmente venerado por aqui. Há tantas histórias sobre o seu desprendimento, seu amor pelo país, sua formação europeia, que a gente pensa que é quase um santo.

A quase totalidade dos visitantes é de nativos, ou de orientais, já que para nós é quase impossível distinguir, apesar de nosso guia ter nos mostrado algumas diferenças que depois eu conto.
Basicamente a cidade é dividida em uma parte antiga, onde está o comércio popular, e o bairro francês, com avenidas largas e construções bonitas, hotéis e lojas alinhadas. Mas bom mesmo é o popular. Comércio, lugar de comer, lugar de consertar moto, de vender eletrodomésticos, tudo junto e misturado. Mas o que mais me chamou atenção foram as calçadas. Calçadas são lugares para: estacionar moto, vender comida com banquinhos baixinhos pro povo sentar, consertar motos, soldar tubos (que não sei pra que servem), enfim, serve para qualquer coisa, menos para se andar. O povo anda pelo meio da rua, disputando espaço com as motos, os carros e os triciclos. E se você está sentada no triciclo, você sente a emoção de estar no meio do trânsito. Divertidíssimo. Teve momento que fechei os olhos esperando a batida. Mas é impressionante que não há acidentes. Parece haver um acordo telepático entre eles que dá tudo certinho.

Um outro lugar bastante bonito é o Templo da Literatura, que é um conjunto de parques em sequência, dedicado ao resgate do idioma original vietnamita, antes que os franceses os obrigassem a usar o alfabeto ocidental. Há também homenagens aos grades poetas e escritores. E o último dos parques é um templo a Confúcio, onde também vimos oferendas as mais diversas. Na foto abaixo, a bandeira colorida é a original do Vietnam, antes do regime comunista. Ela tem as bordas recortadas para dar a impressão de movimento mesmo quando não há vento.

  
  
Mas, o mais interessante nesse parque é que ele é usado como espaço para fotos dos recém graduados, seja do secundário, seja das universidades. É muito engraçado. As meninas posado com sua becas ou com suas melhores roupas, cada uma mais lindinha só que a outra.