Arrependi-me profundamente de ter começado o percurso por Córdoba. Porque vai ser difícil achar outra cidade mais bonita, mas agradável, com uma energia tão como como essa aqui. Cai de amores por ela. E se voces me perguntarem exatamente o que me fez tão enamorada, confesso que não saberia particularizar nada.
Chegamos em Córdoba pelo meio da tarde. Nosso hotel fica bem dentro do que eles chamam “casco histórico”, em uma das ruas que ladeiam a Mesquita-Catedral, ou seja, no meio do agito. E, de cara já gostei daquele movimento, que não era uma coisa sufocante, nada daquela coisa de vendedor te enchendo o saco pra comprar, de garçon de empurrando cardápios na cara. É uma coisa legal, de gente bonita, caminhando, fotografando. E muitos, muitos japas!
E de bem perto da Mesquita (e do nosso hotel, claro) já avistamos o rio Guadalquivir, que corta a cidade, com a ponte romana, linda, tendo do outro lado a torre Calahorra. Margeando o rio, pelo lado antigo, há uma imensa avenida, arborizada, com bancos na calçada, muito legal.
Amo becos e não é a primeira vez que digo isso. Perder-me no meio das ruazinhas estreitas é uma das minhas diversões preferidas. Mas, uma coisa me chamou a atenção nos becos de Córdoba, que não havia encontrado em nenhum outro lugar: são limpos, luminosos, enfeitados com vasos de flores, paredes pintadas de branco e chão de pedras limpinhas. Aliás, a limpeza foi uma característica de toda Córdoba, não só a parte antiga. As ruas são limpíssimas e se tem algo no chão, são folhas secas caidas das árvores. Nenhum papel, nenhuma guimba de cigarro. Além dos becos, Córdoba tem outra característica, herança árabe, que são os pátios. As casas tem suas fachadas, geralmente com portões de ferro, e ao entrar se abre um pátio florido, às vezes com poços de água ou pequenos lagos, mas sempre com muita luz, muita cor. Há, inclusive, uma associação de pátios de Córdoba, que cuida da preservação dos mesmos.
Olhem que pátio mais lindo!
Uma coisa linda também que se vê pelas ruas são as laranjeiras. Por onde se passa, cidade antiga ou parte moderna, há pés de laranja, com laranjas lindamente maduras. Dizem que não são boas para chupar, mas apenas para fazer doce ou compotas. Não sei, mas que é um charme, isso é.
Comparada com outras cidades da Europa, a Espanha não é um país carro para o viajante. O nosso hotel era um hotel butique (seja lá o que isso signifique), com uma decoração linda, moderna, confortável. Curiosamente o banheiro era separado do quarto por uma parece de vidro, e se voce quisesse alguma privacidade, precisava puxar uma cortina. Não ficou feio, mas era estanho. O meu medo era que enfiássemos a cara no vidro, sem perceber, dai que deixamos sempre a porta aberta, “por las dudas”. Pagamos 50 euros por dia, em um quarto duplo, sem café da manha, que poderia ser pago à parte, por 5 euros.
O grande lance da comida são as tapas. As porções não são minúsculas, pode-se pedir para compartilhar e, dependendo da escolha, uns 2 ou 3 pedidos vale uma refeição. E se paga entre 6 e 12 euros por porção. Uma taça de vinho, algo como 3 euros. A comida cordobesa tem umas coisas diferente para nós. Por exemplo, um dos pratos típicos é berinjela frita com mel de cana, e é uma delícia, sobretudo se voce come acompanhando um rabo de touro, esse sim, um prato dos deuses, de comer de joelhos. E não tem nada a ver com nossa rabada gordurosa. Se come muito bem nessa cidade, aff.