De São Gonçalo do Rio das Pedras a Serra do Cipó

Este percurso é feito integralmente pela tal Estrada Real, cujo primeiro trecho de terror nós fizemos desde Diamantina. A informação que tinhamos era que a estrada de Milho Verde a Serro estava terraplanada porque logo seria asfaltada. E de fato estava. O caminho, apesar de ser “de chão”, estava bastante bom e as obras na estrada bastante avançadas. Fiquei pensando o que será de Milho Verde e seu ar alternativo anos 70, quando o asfalto chegar até lá.

Serro é uma cidade famosa pelo seu queijo, que realmente é uma delícia. Tivemos a informação que a receita de um dos fabricantes artesanais é patrimônio cultural, tombado (?)  pela Unesco. Paramos lá apenas para uma olhada rápida, um café, e comprar queijo, naturalmente.

 

Depois desse percurso, o caminho segue até Conceição do Mato Dentro. E todo mundo dizendo à gente que era “de chão e ruim”. Nós não podiamos acreditar que fosse pior que aquele horror anterior. E mesmo que fosse não tinha outro jeito. E lá fomos. De fato não é pior (nem poderia), é apenas poeirenta demais da conta, sô! Quando um carro nos ultrapassava, precisavamos parar para deixar aquela nuvem vermelha abaixar e a gente poder enxergar alguma coisa. Mas, no mais, fomos sem problema. Foram 60 km de poeira e buraquinhos na pista.

Conceição do Mato Dentro eu não tenho palavras para defini-la. Sem graça talvez seja a melhor. Fomos no Restaurante Solar de Lili comer um tal pastel de angu que Marcia havia nos recomendado. Não comi, não gosto de angu, mas Dete comeu e aprovou apenas o de carne porque o de queijo tinha uns pedaços de cenoura, que deu um aspecto esquisito. Eu imaginava que o pastel fosse recheado com angu, mas não, a massa do pastel é de angu. Enfim, essas coisas de mineiro.

De Conceição em diante pegamos asfalto. Estrada boa, bem conservada. O problema são as mil curvas, mas estavamos subindo a serra, era de se esperar.

Chegamos enfim, por volta de umas 3 da tarde, a Serra do Cipó, onde a ideia era passar dois dias. Haviamos pedido indicação de uma pousada a Marcia, porque tinhamos visto trocentas na internet. E ela nos disse: “tem, mas não tem” (mais uma de mineiro). Nos indicou duas, mas não tinham vagas. Dai que reservamos em uma que vimos na Internet.

Em principio as pousadas são muito caras. Essa que ficamos, a Estalagem da Serra, nos cobrou 450 reais por uma noite. A pousada não tinha nada do que esperávamos. O cara pegou um quintalzão, encheu de chales, quase que um colado no outro, enfiou duas piscinas, uma sauna que mais parece uma solitária, uma sala com aparelhos de ginástica, um quartinho com manicure, entulhou tudo e disse que era uma pousada. Não tinha vista para serra, não tinha por onde passear, não tinha nada a não ser crianças correndo e gritando na sua porta. Detestamos!! Afinal, somos mulheres finas. Ficamos somente uma noite e nos mandamos.

Pegamos a estrada de novo, entregamos o carro que estava alugado até hoje e estamos aqui em BH, em um hotel decente (Promenade Volpi), com internet decente, perto de lugares legais.

Amanhã rumo sozinha para São Paulo. Para uns dias de civilização extrema.

Despedidas de S. Gonçalo do Rio das Pedras

Nos dois últimos dias que passamos em S. Gonçalo mudamos de Pousada, fomos para a Pousada do Capão. Já haviamos feito reserva nela e quando resolvemos ir um dia antes, ela não tinha vaga. Dai que ficamos um dia no Refugio 5 Amigos. Dete não quis ir conosco, ficou na 5 Amigos, acompanhando o curso de Fitoterapia que estava ocorrendo lá. E fomos, Fátima e eu para o Capão.

A Pousada do Capão está a cerca de 1 km do centro, numa enorme área cheia de árvores e flores, tendo no meio um casarão lindo, super bem decorado com as coisas mineiras e chalés ao redor. A Pousada é tocada pelo casal Peter e Marcia, um casal suuuuper simpático e hospitaleiro, que adoram ajudar a gente a arranjar o que fazer em S. Gonçalo. Tadinha de Marcia, tentar tirar de casa duas preguiçosas como Fá e eu é dureza.

E ai, no dia 21 rumamos para a Serra do Cipó. E nos despedimos de São Gonçalo.

Milho Verde, Minas. Pode?

Quando as meninas me disseram que iamos até Milho Verde, ri por dentro. Como é que pode uma cidade com um nome tão comestível? Prá completar acabara de descobrir que o gostoso bolo de milho, molhadinho, que eu tinha comido, era bolo de milho verde.

Fica a apenas 7 kms de S. Gonçalo, por uma estrada “boa”, “de chão” e é a mesma Estrada Real que veio de Diamantina. Esta semana está ocorrendo um Festival Cultural e esse foi mais um motivo para irmos até lá.

Fátima já tinha ido e tinha dito que a única coisa bonita era a igreja, de modo que entramos na cidade procurando por ela. Depois de muito perguntar chegamos a uma igreja. Mas Fatima insistia que não era aquela. Numa vilinha desse tamanho tem duas igrejas???

Tinha. E ai encontramos o povo do Festival. Do lado da igreja tem um descampado com uma vista maravilhosa e é ali que transcorriam as atividades.

No momento que chegamos se apresentava um grupo de MPB, um bando de meninos e meninas, tocando flauta, bandolim, violão, cantando Pixinguinha e outros feras. Meu Deus, fiquei encantada! Quando vejo isso, me alivia um pouco a tristeza dos “paredões” de som, tocando forró de plástico. A platéia tambem era formada por jovens de todas as idades, dos 7 aos 70.

E tinha, advinhem o que: hippies!!!!!!! Pois! hippies daqueles vendendo pulserinha, meninas com saia arrastando no chão, meninos com calças estampadas largas e bolsa de tecido. Caramba! Ainda existem, acreditem, eu vi!

Nos disseram que a cidade tem ainda muitas cachoeiras, mas nós não vimos, nem fomos atrás. Mas, olha, Milho Verde me lembrou muito a Mauá, no RJ, dos anos 70.

 

São Gonçalo do Rio das Pedras

Depois do inferno, o paraíso! Que lugar bonitinho que é S. Gonçalo! Uma vilazinha, distrito do municipio de Serro, pequenininha, mas com uma infra-estrutura de hospedagem e alimentação muito legal. Ficamos, no primeiro dia, na Pousada dos 5 amigos, onde estava ocorrendo um curso de fitoterapia. Ela é esse casarão ai, nessa praça linda.

São Goncalo tem um turismo de aventura e é tambem cheio dessa tribo que curte cachoeira, ervas (de TODOS os tipos), coisas alternativas. Assim, apesar de pequenina, é cheia de gente. Encontramos pesquisadores de turismo solidário, músicos, herbologista e iridologista. Enfim, um lugar interessante e muito, muito bonito.

 

No meio do caminho havia mil pedras

Nosso rumo agora era deixar Diamantina e seguir para S. Gonçalo do Rio das Pedras, distante 33 kms. Todas as informações que tinhamos era que a estrada era “de chão” e tinha uns trechos meio ruins, de modo que nossa previsão deveria ser gastar 1 hora e meia nesses 33 kms. E lá fomos nós…

… viver 1 hora e meia de terror, suspensas no ar, com os olhos vidrados na estrada. Por que? Porque a estrada é um horror!!!!!! Mesmo Fá, motorista com graduação e pós-graduação em estradas, além de um pós-doutorado em uma estrada para Nova Cruz vindo do Bananeiras, que tomamos outro dia, mesmo ela ficou passada com aquela coisa cheia de pedras, de curvas em subida com passagem para apenas um carro, que chamam estrada. Ficou com “uma trauma”, a minha amiga.

Quando chegamos, foi o maior alívio e um ufffffff conjunto.

Se voce quiser ir de Diamantina para S. Gonçalo pela estradinha de terra, se prepare. Uma 4×4 ajuda muito, sangue frio também.

Nos poucos momentos em que olhamos para os lados vimos que o lugar é lindo, com umas montanhas de uma pedra escura.

Ah, e preciso dizer que essa estrada é toda marcada com o simbolo da Estrada Real, aberta na época das minerações. Ela sai de Diamantina e termina em Paraty e era o caminho único e exclusivo dos tropeiros que carregavam as pedras preciosas. El Rey proibia outra estrada com medo que lhe roubassem.

Vesperata em Diamantina

Nossa última atividade em Diamantina foi inesperada: uma vesperata como evento de abertura do Festival de Inverno. Vesperatas são eventos musicais de Diamantina, onde os músicos de postam nas janelas dos casarões de uma determinada praça e o maestro os rege desde baixo. São tão concorridas que as Pousadas fazem pacotes especiais. Para lhe dá uma base (como gostam de dizer os mineiros), a Pousada onde ficamos está com as reservas esgotadas até o final do ano, nos dias de vesperata. Portanto, foi para nós o cúmulo do privilégio que ocorresse uma justo quando estávamos lá.

Fomos atrás de reservar mesa na praça, mas não conseguimos, dai que ficamos na “pipoca” mesmo, sentadas no chão. Ao redor da praça tinham uns 5 casarões cujos balcões foram usados pelos músicos, e abaixo, em um tabladinho, o sub-tenente Dias regia a Banda de Musica da Policia Militar.

Eu imaginava algo mais romântico, com musicas mais suaves, com musicos tocando bandolins, violinos, flautas. Mas a Banda atacou logo de Aquarela do Brasil e seguiu por Tim Maia, João Bosco e por ai foi. Fiz um filminho. Quando tiver uma Internet decente, posto.

Diamantina é festa

Uma coisa que marca muito Diamantina é que o povo é muito festeiro. As vesperatas são famosas ao ponto dos hotéis e pousadas fazerem pacotes especiais nos dias que tem esses eventos. Existem ainda as serenatas e mil eventos de cantadores de viola no Mercado.

Um desses eventos ocorre no domingo de manhã, em plena praça. É o Café no Beco. Fomos lá hoje e nossa amiga Dete deu um show a parte. Olhem o video