NY: coisas que vou vendo pelo caminho

Gosto de observar as pessoas. Não do jeito que as pessoas acham que uma psiquiatra observaria, “analisando” (quem da área “psi” nunca ouviu isso?), mas prestando atenção nos gestos, nos hábitos, e, confesso, criando histórias pra elas. E quando a gente está batendo perna pelo mundo, sozinha, em lugares com hábitos e costumes às vezes tão diferentes dos nossos, ai eu me “esbaldo”. E ai vou vendo coisas interessantes, que me agradam, que me dão nos nervos, que me fazem sentir inveja. Vou contar algumas pra vocês.

1.Cuidando do que é seu

Por esses lugares que ando, aqui na minha vizinhança, não vejo muito a interferência do poder municipal na ruas. Mas o povo cuida. Nos canteiros das árvores das ruas sempre há flores plantadas. Várias vezes vi senhoras com uma pazinha de jardim cavando o chão e plantando alguma coisa. E protegem as plantas, põem cerquinhas ao redor, põem placas pedindo que não deixem os cachorros fazerem xixi ali. Quando as pessoas moram no terreo, cuidam para que haja vasos com flores nos prédios, banquinhos de madeira. Os terrenos baldios são transformados em jardins público ou em hortas comunitárias. Nesse caso creio que é alguma ONG, porque vejo sempre placas indicativas. São ações individuais ou coletivas invejável, porque nosso hábito é esperar que a Prefeitura arrume as coisas.

2. Coisas sem utilidade pra mim pode ser útil pra outro

Super comum passar pelas ruas e encontrar coisas encostadas no muro ou na escada do prédio. São livros, sapatos, brinquedos, roupas e até coisas grandes como móveis e colchões. Quem quiser pode pegar. Alguns põem post it com carinhas risonhas dizendo “free”. Quem já viveu em outros países sabe que isso também é comum por lá. Mas, quando não se põe prá fora itens isolados, se faz venda de garagem na calçada mesmo. Outro dia passei por uma, tinha um espelho lindo. Pena que era muito grande. E também já vi um “shopping rua”, como dizia um amigo meu. O cara coloca um pano no chão e sobre ele um monte de quinquilharia, de revistas de quadrinhos a pratos. E vende.

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3. Os cachorros

O que é que acontecesse com os cachorros daqui, gente? São educados, não saem puxando os donos, não correm pra encontrar outros cachorros, não saem cheirando as pessoas e, sobretudo, não fazem xixi na rua!!! Acho que vou trazer os meus pra fazer um estágio por aqui. Chegam a ser mais educados do que as crianças! Outro dia, por exemplo, eu estava tomando um sorvete por aqui por perto e observei: uma mãe chegava na sorveteria com duas crianças, que logo correram, passando na frente de todo mundo, pra escolher o sabor. Enquanto isso, uma senhora passa com um poodle grande e, ao entrar em uma loja de comida, se vira e diz alguma coisa pra ele. Calmamente coloca a guia num banco que tinha na entrada (não amarra!). Ele se deita e fica olhando pra dentro, esperando mansamente ela voltar. Tenho inveja, confesso.

4. O mais útil acessório de um carro: a buzina

É de dar nos nervos. Um carro não sai imediatamente após o sinal abrir, o de trás mete a mão na buzina; um carro vez uma manobra pra estacionar mais lento, os que vem metem a mão na buzina. É irritaaaaaaannnnte!!!! Eu que não uso nunca a buzina do meu carro, nós que fazemos piada com paulista que gosta de buzinar nos túneis, morro de susto cada vez que esses caras fazem isso. E as ambulâncias e bombeiros?  Um completo exagero de sirenes altíssimas e sem parar. Sei não, viu…

Falando em carro, olha que interessante esse protetores que eles colocam no parachoque e ao redor da placa. É que, como os edifícios raramente tem garagem, a norma é estacionar na rua. E assim protege-se os carros na hora de estacionar.

 

5. Com fios nos ouvidos

A primeira vez que vim por aqui, me impressionou o número de pessoas andando na rua com um copo de café na mão. Não era levando pra algum lugar, era tomando em pequenos goles. Pois agora a moda é andar conversando ao telefone. A primeira vez que notei foi quando uma senhora, na hora de passar por mim, falou alguma coisa. Ora, só tinha eu e ela na calçada, ela só podia estar falando comigo. Ai eu, “excuse me?” E ela passou por mim, continuando o papo dela. Claro que fiquei morta de vergonha e dai comecei a observar como isso era frequente por aqui. As babás que passeiam com as crianças no parque, a moça dos correios, os trabalhadores das obras (muitos conversando em espanhol), enfim, chega a ser engraçado quando, de longe, a gente vê o povo falando sozinho.

 

NY: Museu de História Natural

Já tinha visto o Museu de História Natural Americano em pelo menos dois filmes e, de todas as vezes que aqui estive, nunca o havia visitado. Parecia interessante e, pensei, poderia acrescentar mais informação a quem adora assistir o Discovery Channel. E fui.

E, olhe, a menos que você adore 347 crianças ao seu redor, correndo, falando, em grupos escolares, com mães querendo tirar fotos e o menino não parando quieto, ouça um bom conselho que lhe dou de graça: não vá! Mais uma vez ressalvo que isso ocorreu comigo, em um dia específico. Vai que tem dias que o Museu é a maior paz e vocês vão dizer que eu exagero. Mas, para quem já se sente incomodada de querer ver um quadro num museu e ter um guia parado em frente, dando explicações sussurradas ao seu grupo, menino correndo e gritando é muito demais pro meu gosto.

Tirando isso, o Museu é interessante. Bastante didático, é mesmo indicado para quem está se iniciando nas descobertas das Ciências ditas Naturais. Tem salas de geologia, de vida marinha, de grandes mamíferos, de aves, do espaço, enfim, tudo que uma professora de ciências adoraria para mostrar aos alunos. Mas não passa muito disso. Ou seja, para quem assiste o Discovery, nenhuma novidade.

Além de didático, o Museu tem belos dioramas de animais americanos, de animais pré-históricos, em tamanhos naturais e muito bem organizado.

As salas dos dinossauros é uma coisa impressionante. Tem de tudo. Mas, esperei ver aquela discussão sobre se os dinossauros teriam penas, e não vi nada. Era muita coisa.

Achei muito bonita as salas da vida marinha, com tubarões, baleias e aqueles seres luminosos do mar mais profundo.

Estranhamente eles tem mostras de povos primitivos e animais da America do Norte, da Africa, da Europa, mas nenhum da America do Sul. Considerando a importância da Amazonia, achei uma falha grave. Ou será que não vi? Porque, confesso, com aquele barulho, aquele monte de gente tirando foto, não tive muita paciência não. Dei por visto muito rapidinho e fui embora.

NY: a Mermaid Parade

Sábado fomos à Mermaid Parade. Isso mesmo, por aqui existe uma Parada de Sereias! E é muuuuuito divertido! Thaisa perguntou se eu queria ir; como não tinha nenhuma informação, fui pesquisar. Achei o site meio antigo, amador, com umas fotos da Parada que me pareceu uma coisa meio carnaval, meio brega. Não me animei muito. Enfrentar o sol quente de 1 hora da tarde pra ver carnaval? Só em Olinda e em priscas eras. Hoje nem Olinda encaro mais. Mas Daniel me convenceu a ir, por ser uma coisa meio única por aqui. E fomos.

Já no metrô começamos a sentir o espírito da coisa. Metade do trem estava fantasiada, metade portava maquinas fotográficas para fotografar as fantasiadas. Se sentia um clima de alegria, com todo mundo conversando e rindo. E eu já comecei a me arrepender de não ter providenciado nem que fosse uns cílios postiços verdes. Porque, olha que lindas essas figuras eu iam no metro com a gente!

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Não sei se dá para notar, mas a primeira está fantasiada de sereia com bolhas no decote e essa de azul estava linda, toda cheia de purpurina verde e dourada. O marido, bem no clima, estava fantasiado de marinheiro! Ela me ofereceu um pouco de gliter, que eu, claro, aceitei!!

Bom, a Parada ocorre em Coney Island, a praia de NYC e já é meio que tradicional acontecer durante o verão. Coney Island é um lugar bem anos 50. É muito interessante a mistura de coisa meio decadente, meio art nouveau, parece um cenário de filmes antigos. Eu já havia estado aqui em 2011 e comentei aqui.  Na época, o parque de diversões estava desativado, mas agora funciona, o que dá mais movimento ao lugar. Além do famoso hot dog Nathan’s, que tem sempre filas quilométricas.

Quando saímos da estação do metrô uma multidão se organizava de um lado e do outro da avenida paralela à praia, com grades separando o local do desfile e policiais organizado a circulação das pessoas. Aliás, muitos policiais! E ai eu comecei a perceber que não tinha nada a ver com o carnaval de Olinda, que é aquela esculhambação gostosa. Aqui é tudo muito organizado, como dizia Roberto Benigni, em “A Vida é Bela”.  Tipo, para passar pro outro lado voce só podia ir por uma passagem, mas para voltar tinha que ser por outra. E um monte de gente fantasiada circulando. Muitas fantasiadas de sereias, ou o que elas achavam que seria uma sereia (aliás, como é um ser mitológico, cada um pode inventar a sereia que quiser, né não?), outros fantasiados de outras coisas que não tinham nada a ver com sereias e outros ainda fantasiados de nem sei o que. Por exemplo, passou por nós uma senhora assim um pouco plus size, vestida somente com calcinha biquini e com o resto do corpo pintado de um verde que estava claramente desbotado. Por exemplo, essa figura ai abaixo eu não tenho nem ideia do que está representando.

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A parada começou com um desfile de carros antigos, o que só reforçou a minha sensação de volta no tempo. E depois vieram as pessoas. E ai, haja sereias de todos os modelos, idades e sexo. E haja pessoas fantasiadas de qualquer coisa. Alguns grupos vinham batucando em tambores, outros com uma banda de jazz, alguns em cima de caminhonetes, mas a maioria à pé.

E tinham outros que estavam por ali só esbanjando charme, sem participar do desfile propriamente dito. Desfilando para as lentes.

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Enfim, foi um sábado extremamente divertido. Não fosse o sol inclemente e teríamos ficado até o fim. Também senti falta de músicas mais animadas e mais constates. A música só aparecia quando algum grupo tocava. Ou seja, eu achava que parecia o carnaval e parece pelas fantasias e a alegria das pessoas, mas não parece porque não tem música.

Pois, se você estiver em NYC no mês de junho e lhe chamarem para a Mermaid Parade, arrume uma fantasia e vá. É divertidíssimo!

Ah, esqueci de dizer que também eu fui fotografada. Alguém pediu permissão pra me fotografar e eu disse sim. Devo estar circulando por ai em algum blog!!!!!

Boston: uma tarde em Havard

Eu ainda era secundarista mas me lembro muito bem quando começaram a construir o campus da nossa UFRN. Corriam os anos de chumbo da ditadura militar no país e o que se dizia era que Campus ou Cidade Universitária era um conceito “moderno”, trazido das universidades americanas e européias. Na verdade, sabíamos nós, a idéia era ter mais controle sobre o movimento estudantil, que naquela época explodia em protestos e manifestações. E ai foram surgindo campi (plural de campus, aha! latim é comigo mesmo, estudei no ginásio) em todos os estados onde haviam universidades federais. Então, na minha cabeça, o conceito que ficou foi de um espaço restrito, muitas vezes cercado, onde se aglomeram as unidades acadêmicas e administrativas.

Claro que eu já tinha visitado outras universidades pelo mundo, mas em Havard foi engraçado. Tomamos um Uber e, de repente, o cara para em uma avenida bastante movimentada. Descemos e os meninos me dizem: “pronto, chegamos em Havard”. Como assim, Havard é o nome dessa cidade? Porque a rua que paramos era uma rua normal, de uma cidade qualquer. Tinha um Starbucks na esquina, um monte de lojas de roupa, assessórios, quitandas, ônibus passando pum lado e pro outro, gente passeando com bebês e cachorros, enfim, nada que lembrasse um campus universitário.

Seguimos e entramos, passando por um portão de ferro. Ai comecei a me sentir mais familiarizada. Porque dentro desse espaço parecia sim um campus. Demos logo de cara com a biblioteca, mas a proporção que fomos entrando, percebo que os prédios não são identificados. Em alguns há nomes de pessoas, tipo “Pavilhão George Washington”. Não soubemos porque isso, mas especulamos que pode ser por questões de segurança. Ou, pelo caráter elitista de Havard, pode ser algo tipo “quem é daqui sabe, os outros não precisam saber”. Lindos gramados e árvores circundam os prédios, tal como a gente ver naqueles filmes sessão da tarde.

Havard foi fundada em 1636, e isso me dá muita raiva. Essa parte da América não foi colonizada muito antes da nossa. Que a universidade de Évora tenha sido inaugurada em 1559, tudo bem porque Portugal é um país antigo, mas aqui??!!!! Que ódio!! Como é que eles tiveram Universidade tão cedo e a gente só começou a pensar nisso 2 séculos depois!

Mas, enfim, Harvard é muito bonita com seu traçado e seus prédios sólidos e vetustos (eita!). Ocorre que não se resume a esse espaço. A Universidade se espalha para além desses portões e ocupa mesmo as ruas do lado de fora. Vi um prédio esquisito, projetado por Le Corbusier, onde funciona o Centro de Artes Visuais; há um prédio novinho em folha onde vai funcionar uma unidade da área da saúde. Então, de fato aquela “cidade” onde paramos é mesmo Havard. A impressão que fiquei é que a cidade foi se construindo ao redor da Universidade e para suprir as necessidades dos alunos, professores e funcionários que, se quiserem e puderem, moram dentro da universidade.

Boston surpreendente

Engraçado como a gente constrói imagens na nossa cabeça e quando nos deparamos com o real, o real nos surpreende. Como se o fato de não bater com o imaginado o real se tornasse irreal. E surpreendente. Todas as imagens mentais que eu tinha de Boston era de uma cidade 1) onde tinham chegado os primeiros imigrantes, 2) como tal era conservadora e aristocrática. Me esquecia completamente que era uma cidade cheia de universitários, vindo de algumas das mais famosas Universidades e Centros de Pesquisa dos EUA. Alguém pode até dizer que Havard e o MIT não estão em Boston, mas em Cambridge. Ok, mas Cambridge e Boston estão separadas apenas pelo rio Charles, que é mais estreito que o Potengi. Assim é como se Cambridge fosse ali, na zona norte, mal comparando (kkkkkkkkkkkkkkkkk).

Passamos 3 dias por lá. Ficamos hospedados em Cambridge, em um hotel super, super gracinha, chamado Kendall, que foi antigamente um quartel de bombeiros, a brigada 7. O hotel é lindo e além disso nos oferece algumas gentilezas, como um happy hour de 2 horas, onde servem vinho e pequenos petiscos. Há um cabide perto da porta, com vários quarda-chuvas para você pegar emprestado, se precisar. Para nós, outra vantagem, e o motivo final da escolha, é que ele fica exatamente em frente ao Google, e Daniel precisava trabalhar prá pagar nosso passeio, ora!

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Obviamente, Boston é História. Para ajudar os turistas, as autoridades traçaram pela cidade linhas que no calçamento que vão levando de um a um aos pontos mais importantes. Isso é muito interessante e o legal é ver as pessoas caminhando por cima da linha, como se não bastasse ver que ela segue por ali. Esse caminho chama-se Freedom Trail e começa em um lindo parque, o Boston Common.

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E é justamente essa característica histórica que faz Boston, em alguns momentos, lembrar muito uma cidade européia, com uns quase-becos, que não chegam perto dos de Córdoba, mas que dá um encanto especial à cidade.

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Além de bater perna pela cidade, duas coisas super valem a pena: uma visita ao Museum of fine Arts e uma subida até o Skywalk. O Museu já na entrada nos brinda com a estátua de um nativo em seu cavalo, numa postura belíssima. No dia que fomos havia uma exposição sobre moda e tecnologia, a qual eu já tinha visto uma boa parte do acervo aqui em Nova York. Mas é sempre curioso você ver vestidos lindos feitos em impressoras 3D, ou roupas delicadíssimas feitas com fibra de carbono.

Do Skywalk se tem uma vista de 360 graus da cidade. Na verdade das cidades, porque, obviamente dá pra ver Cambridge. Além disso, há uma exposição de curiosidades acerca de Boston, bastante interessante. Algumas coisas tipo cultura inútil, mas que eu me diverti. Por exemplo: voce sabia que foi um médico de Boston quem primeiro diagnosticou apendicite? Voce sabia que o primeiro cartão de Natal foi feito em Boston? Voce sabia que o Sr. Goodyear era bostoniano e foi o primeiro a vulcanizar pneus? E por ai vai. É engraçadíssimo.

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Um lugar super legal para se comer, tomar uma cervejinha e eventualmente comprar lembrancinhas é o Quincy Market (comidas e bebidas) e o Faneuill Hall (souvenirs). Um está atrás do outro, de modo que é uma visita só. É um lugar mais cheio de turista, mas nada que incomode ou bagunce. Eu adorei parar e tomar uma cerveja no Cheers. E, por mais incrível que possa parecer, não comprei nada!

Mas, se você quer bater perna por um lugar mais descolado, com cafés e restaurantes mais arrumadinhos, passeie pala Newbury Street. É uma rua linda, com aqueles prediozinhos de tijolos vermelhos, com escadinhas na frente, muito parecidos com os daqui do Brooklyn. Com uma diferença: os primeiros andares são comércio. Lojas de roupas, de bijuterias, cafés, restaurantes. Uma gracinha. Como as lojas ficam no primeiro andar, a gente só vê as vitrines meio que de longe, dai que não sei se os preços são caros, mas tudo indica que sim.

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Boston é uma cidade bastante turística, sobretudo nesse pré-verão. As ruas estão cheia de ônibus tipo hop on-hop off, e tem uns anfíbios com forma de pato (!), que andam pela rua e depois navegam pelo rio. Não fomos, achei que era assim meio mico andar naquilo.

E teve Havard, que conto no próximo post.

 

NY: comprinhas realmente baratas

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De repente me vi precisando de um vestidinho. Um vestidinho desses que a gente veste em casa, que vai na padaria, que dá um pulo ali na casa dos meninos. Tipo uns que eu compro na Renner ou na C&A, por coisa de uns 40, 50 reais. Assim, fui atrás de onde poderia comprar e que fosse entre 10 a 15 dólares.

Obviamente me vali de minha assessora para assuntos de mulher: minha nora. Ela me indicou a Century 21, a Forever 21 (não sei que número enigmático é esse 21), a Old Navi, que é a terceira numa linha que começa na Banana Republic, passa pela GAP até chegar nela, em ordem decrescente de preço (e de qualidade, claro!).

A Century 21 é a mais conhecida das lojas de baixo custo. É imensa e todo mundo que vem do Brasil sempre dá um pulo lá. Assim, tipo, “já que a gente veio ver o World Trade Center, vamos aproveitar e dar uma olhadinha”. Então, como todo mundo deve saber, ela uma loja de departamentos de roupas, calçados e acessórios que vende ponta de estoque de várias marcas famosas. Maaaas, tem que catar muuuuuito. Tem muita porcaria, muita coisa feia e com preços que nem sempre são os mais baratos do mundo. Então, pra achar meu vestidinho baratinho nem adiantava ir lá.

Vi que tinha uma Old Navi mais ou menos perto daqui de casa (apenas 1 estação de metrô) e fui lá. Como gosto das coisas das irmãs mais caras dela, quem sabe encontrava o que queria. Encontrei muita coisinha bonitinha para uma faixa etária muito abaixo da minha, com preços que não eram exatamente o que eu procurava. Vestidinho de verão, curtinhos (ou seja, não para senhoras belas, recatadas e do lar), por coisa de 20 a 30 dólares. Boas promoções de camisetas e shorts, que não eram para mim. Mas o que mais me chamou atenção foi a bagunça que era a loja. Na frente até que tudo bem, mas quando entrei mais pro fundo, era uma loucura! Roupa misturada, araras fora do lugar, achar alguma coisa exigia uma certa dose de paciência. Mas, se você tiver paciência, é um lugar legal pra roupa barata feminina e masculina.

Nesse mesmo shopping encontrei outras duas lojas barateiras: a Target e a Marshall. Elas são ainda mais barata que a Old Navi. Tem araras com promoções de roupa por 10, 12 dólares, mas é preciso procurar muito, ir de uma em uma para achar alguma coisa legal. E a bagunça é muito maior. Em uma delas vi roupa pelo chão e ninguém se preocupava em pegar e por nos cabides. A Target tem uma sessão plus size que é menos bagunçada e tem coisa legais. Achei que valia a pena, mas meu vestidinho ainda não estava lá.

Minha maior surpresa foi descobrir que a Forever 21 era uma loja barata. Talvez todo mundo já saiba, mas eu me lembro do alarde que foi a inauguração de uma loja da marca em São Paulo, eu achando que era uma coisa assim tipo chic, para jovens de 21 anos!!! Qual o que! A loja é a maior pechincha e tem até uma sessão plus size. Bom, plus size não significa pessoas maduras, claro, tem muita jovem gordinha, mas eu já me sinto melhor vendo roupas que cabem em mim. Fui na Forever 21 daqui do Brooklin, na Fulton St. e encontro a mesma desordem das outras lojas. Encontrei alguns vestidos interessantes, mas quando queria ver outro número não achava porque estava tudo misturado. E lá vou eu pra sessão plus size, que é ótima. Roupas bonitas e, acho, como não vai muita gente, até organizadinha. As roupas estão entre 20 e 40 dólares, mas tem uma variedade boa. E ai, finalmente, encontrei meu vestidinho. Por 15,99 dólares (é um saco isso, mas aqui quase todas as coisas tem esses 99 cents e eles dão o 1 centavo de troco e de repente você está cheia de 1 centavo sem saber o que fazer com eles).

Dias depois, andando por Manhattan, pela 34, entro na Old Navi de lá. E vejo que é mais arrumadinha e tem mais mocinhas para atender a gente. Ainda pretendo ir na Forever 21 da Union Square pra ver se há também diferença com a do Brooklyn. Por que será? Fiquei me perguntando.

Uma outra cadeia de lojas baratinha, dessa vez para sapatos, sandálias e tênis é a Famous Footwear. Tem uma bem grande na 34, mas eu fui na da 14, em Manhattan. As sandálias são horrorosas para o meu gosto, mas os tênis super vale a pena. São tênis de modelos do ano anterior, mas com excelente preço. Comprei um Sneakers lindo por 36,99 dólares.

Bom, fico devendo uma andada pelos brechós, que tem muitos aqui no Brooklyn.

Ah, quer saber os endereços das lojas? Vai no Google!

NY: uma coisa curiosa sobre o Metrô

Quem já esteve por aqui e andou de metrô não sei se prestou atenção que, quando o metrô para na estação, o condutor abre sua janela e aponta. Aponta pra onde? Aponta por que? Eu fiquei morta de curiosidade. Uma vez perguntei isso e me responderam que ele fazia isso para dizer ao outro condutor que estava vivo. Ora! Que história! Pois fui atrás saber e achei uma resposta interessante.

Normalmente o trem é conduzido por dois condutores, um que vai na frente do trem e outro que vai no meio. É o do meio que abre sua janelinha e bota o dedinho pra fora, apontando. A questão é a seguinte: para que o condutor da frente possa abrir as portas, ele tem que ter certeza que todo o trem está na estação, que não ficou uma rabeira ainda dentro do túnel. Nas estações há sempre uma placa com listras brancas e pretas, tipo zebrado, que marca o meio da estação. Logo o condutor do meio deve estar diante dessa placa para ter certeza que o trem está inteiro na estação. Dai ele abre a janela e aponta, para indicar ao condutor da frente que ele pode abrir as portas. Por isso há sempre um intervalo entre o trem parar e as portas de abrirem.

Claro que a tecnologia já poderia ter resolvido esse simples problema, mas parece que se tornou tradição e isso é cumprido à risca. O condutor que não sinalizar é punido seriamente. Olha a faixa zebrada ai abaixo.

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E devo me redimir: hoje passei por uma estação que é um brinco, a Cortlandt St. Ampla, bonita, com paredes decoradas. Acho que é nova. Na verdade acho que eles deram uma arrumada em algumas estações, limpando as paredes e colocando algum tipo de decoração nos azulejos.

NY: fim do curso de inglês

 

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Terminei meu curso de inglês. Com direito a diploma e tudo! Foram 4 semanas intensivas, bastante pesadas, com aulas diárias das 9h:00 às 13h00 e trabalhos de casa pra fazer. Agora posso fazer uma avaliação mais qualificada do curso, mas quero deixar claro que essa é a MINHA impressão do curso feito em Nova York, nesse período. Porque as coisas podem ter sido (ou virem a ser) diferentes para outras pessoas.

A Escola foi a LSI – Language Study International e já contei pra vocês da minha decepção de pensar estar matriculada em um curso para pessoas de mais de 40 anos, e isso não ser verdade, apesar da leitura do site dar essa impressão. Mas a LSI é uma escola bastante organizada, com um pessoal simpaticíssimo, professores (pelo menos as duas que conheci) competentes e interessados no aprendizado dos alunos. As turmas tem no máximo 15 alunos e toda terça-feira ela é renovada, seja pela entrada de alunos novos, seja pela progressão de alunos que estavam em outras turmas. Então, nunca se termina com a turma que se começou.

A escola é credenciada pelo órgão educacional do governo, que exige certos padrões de qualidade e de cuidados com coisas como frequência dos alunos e aplicação de avaliações periódicas. Em uma das minhas semanas estava por lá uma equipe de 3 pessoas, avaliadores do Governo Federal, que, entre outras coisas, assistiram algumas aulas e discretamente nos entrevistaram. A quase totalidade dos alunos tem visto de estudante e pra eles a cobrança ainda é mais rigorosa.

Mas, como professora, não pude deixar de ter um olhar crítico à metodologia de ensino, ao material didático, ao estilo de ensino das professoras. E ai observei uma metodologia muito antiquada. Aulas tipo “cuspe e giz”. Sem um laboratório, quando tínhamos partes de listening na aula, era usado um aparelhozinho de som portátil, daqueles gordinhos, que eles chamam aqui bombox, com um CD. CD!!!! No tempo do pendrive, alguém ainda usa CD? A tecnologia passou longe dali, mesmo as mais antigas. Em cada sala há um aparelho de TV e um computador desktop ligado a ela, mas que não estão com seu uso automatizado pelas professoras, que sempre pediam ajuda aos alunos para fazer funcionar. Mesmo assim, essa TV só foi ligada para nos mostrar imagens de algumas palavras ou eventos que não conhecíamos. Ou seja, não era usado como parte da metodologia ou técnica de ensino. Ah, há um ambiente virtual de aprendizagem. Na verdade um velho e conhecido Moodle. Nas vezes que entrei, a página da nossa turma não estava atualizada. Além do que não fomos estimulados a usa-lo. Acho que as professoras também não sabiam como a coisa funciona.

O livro didático é interessante, bastante parecido com o que usei no meu tempo de Yazigi. O problema é que as professoras o seguem fielmente. Quer dizer, não sei se é realmente um problema, mas se eu fosse a professora (hehehehehe), traria informação adicional ao livro, com outros textos, com exemplos de videos, com músicas. Fiquei com a impressão que há um roteiro a seguir e não se pode muito fugir dele, mesmo que isso fizesse as aulas ficarem mais interessantes.

Não sei se essa forma de funcionar é a que tem que ser, não sei se o fato de ter uma turma 90% de gente jovem exige uma metodologia mais formal, não sei se é assim em todas as LSI, mas para mim esse é um ponto bastante negativo. A pessoa estar nos Estados Unidos, e não usar as novas tecnologias de ensino, acho lamentável. E coloquei isso na avaliação final que eles me pediram.

Mesmo assim, digo que terminei o curso com saudade. Pelo acolhimento do pessoal, pelos frágeis vínculos que a gente cria com os colegas. Como eu era, obviamente, a mais velha da turma, aposentada, sem nenhuma ânsia de ser a melhor, eles me achavam interessante ou, talvez, curiosa. Uma senhora de mais de 60 anos, mas com os cabelos vermelhos, as roupas na moda e falando de cultura pop, era realmente para ser alvo de curiosidade.

E foi assim. Melhorei meu inglês? Digo que me sinto mais confiante e já consigo entender melhor o que me falam. E que o ano que entra venho de novo!

Agora tenho mais 1 mês para turistar pela cidade. Mil planos. Conto depois pra vocês.