Toda a minha geração cresceu ouvindo música italiana. De Rita Pavone a Gigliola Cinquetti (quem não se lembra de “Dio come ti amo”), as músicas românticas italianas eram o must. E todos sabíamos cantar “Volare oo, cantare ooo, nei blu dipinto de blu…”, sucesso absoluto, gravado por Gipsy King, Dean Martin e até por Gilberto Gil. Nunca me toquei quem seria o autor da canção até chegar em Polignano a Mari e me deparar com a estátua de Domenico Modugno de braços abertos, quase voando. Ele é o autor e nasceu em Polignano. E é quase obrigatório para quem chega na cidade aproximar-se da estátua aos berros de “volare ooo”. Do quarto do hotel onde ficamos, de tempos em tempos eu ouvia grupos cantando. Um tipo de saudação a Polignano a Mari.
Mas Polignano é mais do que Volare. É uma cidade lindinha, incrustada em um complexo rochoso, com grutas e cavernas e uma História que remonta ao Império Romano. Dizem os historiadores que Polignano foi fundada por Julio Cesar, que aproveitou de sua localização estratégica no Mar Adriático. É por ser uma cidade pequena recebeu o nome de Polignano (poli = cidade, nano = pequena).
Por conta de sua costa escarpada, as praias são uma piada. Um tiquinho de terra, cheia de pedras, mas um mar lindo, azul, calmo, sem ondas e, segundo dizem, não tão gelado (o que eu duvido e faço pouco). Jamais me arriscaria porque praia mesmo só as minhas.
Em uma dessas grutas está o restaurante mais famoso de Polignano a Mari, o Grotta Palazzese, que tem uma vista espetacular, um preço absurdo pelo jantar e uma comida apenas OK. Não fui, não pretendi ir e não acho que valha a pena. Os amigos que foram gostaram.
O acesso ao centro histórico de Polignano é por um portal de pedra, que fez parte do grande muro que circundava a cidade, como proteção às invasões inimigas. E ai vai se encontrar, no meio da vielas e becos, as construções medievais, além de restaurantes, lojas e igrejas.
A Matriz de Santa Maria da Assunção vai destoar de outras encontradas na Puglia porque aqui aquele despojamento foi deixado de lado e ela se apresenta mais num estilo bizantino muito cheio de “ouros”. Particularmente não gostei. Mas a Igreja do Purgatório é interessante por sua decoração com caveiras e ossos.
Foi somente um dia em Polignano a Mari, poderia ter sido mais. A cidade merece ser mais explorada.