O Festival Internacional de Flamengo está acontecendo aqui desde 22 de fevereiro, no entanto não é necessário estar aqui nesse período para ouvir as guitarras, os cantores, as bailarinas, os palmeadores. Na Andaluzia há flamenco todos os dias e em Jerez, por não ser um grande destino turístico, há ainda o flamenco autêntico. A diferença é que no Festival você vai encontrar as grandes estrelas mundiais e as mais recentes inovações da dança. Fomos assistir um dos espetáculos oficiais e o que vimos foi um belo espetáculo de dança, que mesclava flamenco, dança moderna e canções japonesas.
Porque um detalhe interessantíssimo é a paixão dos japoneses pelo flamenco. Sério! Eles vêm aqui estudar guitarra e dança, mantém grupos no Japão, conhecem todos os artistas espanhóis. Há uma estória, contada por uma cantora espanhola que estava em Tóquio e se perdeu nas ruas e foi ajudada por um jovem que a reconheceu. E essa paixão não é recente, parece vir de longas datas. A mim me pareceu surpreendente e incrível esse encontro de culturas tão diferentes. Pois o espetáculo que assistimos era uma homenagem a essa convivência artística.
Mas a mim o que emociona mesmo são os espetáculos populares que ocorrem nas peñas e tabancos. Um palquinho minúsculo, um guitarrista, uma cantora, uma bailarina, muito jerez e pronto, a energia está no ar. E é contagiante, podem crer. Por mais que não se entenda quase nada das letras das musicas, o ritmo das palmas e a emoção que a cantora transmite quase me fazem chorar de tanto amor sofrido.
As canções e as danças são incentivadas com palavras pelo público. “Que bonito”, “bravo” e um “olé” a cada final fazem parte. A idiota aqui foi inventar de acompanhar as palmas, sem perceber que ninguém fazia isso, e recebi um olhar repreendedor da menina no palco. Paguei esse mico, mas depois de algumas “copas” de jerez “no passa nada”.